JANELA ABERTA

Onde nada muda, quando tudo fica diferente

O mundo está constantemente em mudança e nós somos vítimas dessa transformação. Cada vez mais, as mudanças e a inovação ocupam lugar nas nossas vidas sem darmos conta, na maioria das vezes. 

Uma das grandes mudanças, consequentes deste mundo globalizado, é a utilização de internet e a noção (ou a perda da noção) de convívio, da importância das relações interpessoais e da comunicação “ao vivo”.

Se para as gerações mais velhas o “ao vivo” significa o contacto pessoal e comunicar cara-a-cara, para as gerações mais novas a definição assume uma nova dimensão: a do estar online, conectados com o mundo via internet em tempo real. Se, no passado, a comunicação prevalecia nos jornais, na rádio e televisão, hoje o alcance comunicacional ultrapassa estes meios. A internet veio dominar o mundo e, quase sem nos apercebermos, as sociedades já não conseguem viver sem a senha do wi-fi, sem as notificações das redes sociais e os amigos virtuais.

Apesar de toda esta mudança que tem vindo a ocupar cada vez mais espaço e tempo na vida das pessoas, há um lugar no mundo – o lugar – onde nada muda, mesmo quando tudo fica diferente.

Faifa continua à parte deste “novo mundo”, embora o assunto “internet” já tenha sido debatido e ponderado no seio da população faifense: Deve a aldeia desenvolver esforços para se adaptar às tendências e às exigências tecnológicas do mundo, ou deve manter-se pura e imune a esta transformação?  Será isso mau? 

É indiscutível que a aldeia tem na sua génese o convívio, as conversas e os risos partilhados. Ali, ninguém precisa de internet. Ninguém sente a sua falta. A única carência é a de ver pessoas, de partilhar sorrisos, criar memórias.

Mas…será que se houvesse internet, haveria mais pessoas em Faifa?

Facto é que esta não necessidade do estar online só prevalece durante os curtos períodos que as pessoas passam na aldeia. Se a permanência fosse constante, provavelmente a internet iria tornar-se numa necessidade essencial. Mas, também é facto que, quando as pessoas da cidade tiram férias, é para lugares como Faifa que vêm a correr.

No entanto, o não acompanhar as mudanças do mundo lá fora (mesmo que por curtas e breves passagens pela aldeia) é, para mim, a grande inovação -ou bênção- de Faifa. Temos neste refúgio “um mundo dentro de outro”, mais puro e livre, que se traduz num lugar melhor, mais apelativo à sua visita e à exploração de tudo o que a aldeia tem de bom para nos oferecer.  

Em Faifa ainda se brinca nas ruas, nestas alturas. As crianças crescem na base do convívio e da conversa. Algumas preferem brincar a lançar o peão ou saber fazer rodar, ao jeito dos mais velhos, o arco com o garrancho. Os valores e as tradições vão se mantendo e não se perde algo fundamental: os costumes e o saber viver e estar “à moda da aldeia”. 

Apesar da globalização que o mundo atravessa, em Faifa as pessoas mantêm-se diferentes, ou especiais, se preferirem. Não por serem melhores que ninguém, mas porque são parte de uma raiz comum que nos une a este “nosso” mundo, único e autêntico. 

Este “nosso” mundo vive, efetivamente, longe de algumas coisas, mas está mais perto de outras tão essenciais, hoje em dia. 

Num mundo onde o importante é haver pessoas inovadoras na igualdade, para mim a inovação de Faifa está na diferença que nos define.

Grupo de faifenses (crianças, jovens e adultos) a ouvirem a explicação de alguns jogos tradicionais para depois brincarem.

Breves notícias de Faifa

Nesta Páscoa que se avizinha, pelo segundo ano consecutivo, o Grupo Coral Voz & Alma irá realizar a Via Sacra em Faifa. Este ano a celebração é dedicada a Maria Mãe de Jesus: “Como é que uma Mãe vê, sente e vive a perda do seu filho?”. A Via Sacra terá lugar na Escola de Faifa, terminando com uma pequena procissão de velas até à Capela da aldeia. A todos os interessados, apareçam dia 10 de abril, pelas 18h00, e venham acompanhar a celebração junto dos Faifenses.

Também a Comissão de Festas de Faifa continua a desenvolver um excelente trabalho em prol da Festa de Faifa em honra de Stº Antão, sendo que dia 11 de abril, pelas 21h30 organiza o 3.º baile de 2020, sob o tema “Baile da Páscoa”. Aos mais aventureiros, não percam a oportunidade de vir dar um pezinho de dança, ao som d’ Os Finfas de Nespereira.

NOTA: Dado o atual panorama de saúde pública (pandemia do novo Coronavírus), todos os eventos e atividades agendadas, tanto pela Comissão de Festas de Faifa, Grupo Voz & Alma e Grupo de Danças e Cantares Ecos de Montemuro, foram cancelados por motivos de segurança. No entanto, todos estão atentos à evolução desta pandemia, de modo a serem remarcadas novas datas.


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